Hiperplasia Prostática Benigna (HPB)

A hiperplasia prostática benigna (HPB) é uma entidade urológica muito comum causada pelo aumento da glândula prostática à medida que o homem envelhece. Esse aumento pode comprimir a uretra, gerando dificuldade para urinar. Os sintomas associados à HPB são conhecidos como sintomas do trato urinário inferior (LUTS, na sigla em inglês).

A próstata é parte do sistema reprodutor masculino; tem aproximadamente o tamanho e o formato de uma noz ou de um limão pequeno e pesa em média 28 gramas. Localiza-se abaixo da bexiga e à frente do reto, envolvendo a uretra (a estrutura tubular que leva a urina da bexiga ao pênis). A principal função da próstata é produzir uma secreção que faz parte do sêmen.

Os fatores de risco para desenvolver HPB incluem: obesidade, sedentarismo, disfunção erétil, envelhecimento e história familiar de HPB.

Uma vez que a próstata localiza-se logo abaixo da bexiga, seu aumento pode resultar em irritação ou obstrução vesical. Sintomas comuns incluem:

– A necessidade de esvaziar a bexiga frequentemente, em especial à noite.
– Dificuldade em começar a urinar
– Gotejamento após o fim da micção (o ato de urinar).
– Jato urinário fraco.
– Sensação que a bexiga não está vazia, mesmo logo após de ter urinado.
– Incapacidade de postergar a micção uma vez que haja desejo de urinar (sob risco de apresentar incontinência)
– Fazer força para conseguir urinar.
Em casos extremos, o homem pode não conseguir urinar nada, o que é uma emergência que requer atendimento médico imediato.

COMO SE DIAGNOSTICA A HPB?

IPSS – Para ajudar a avaliar a gravidade desses sintomas, desenvolveu-se o índice internacional de sintomas prostáticos (IPSS na sigla em inglês-disponível no site da uro online). Essa ferramenta diagnóstica inclui uma série de perguntas que avaliam a frequência dos sintomas já citados e o quanto eles incomodam o paciente. Isso ajuda a determinar a gravidade da HPB, que varia de leve a grave.

Quando um médico avalia o paciente por uma possível HPB, a avaliação geralmente consiste em uma anamnese (quando o médico colhe a história do paciente), um exame físico, e um exame de urina. Há vários outros exames que podem ou não ser solicitados dependendo dos achados da avaliação inicial.

Esses exames incluem:

– Antígeno prostático específico (PSA) – um exame de sangue para a detecção do câncer de próstata.
– Citologia urinária – um exame de urina para a detecção do câncer de bexiga
– Uma medida do resíduo pós-miccional (RPM), a quantidade de urina na bexiga logo após a micção.
– Urofluxometria – uma medida da velocidade na qual a urina flui quando o paciente urina.
– Cistoscopia – a visualização direta da uretra e da bexiga com auxílio de um endoscópio.
– Estudo urodinâmico: mede a pressão dentro da bexiga durante a micção
– Ultrassonografia do rim ou da próstata – para observar o tamanho da próstata, bem como sua repercussão no sistema urinário alto (nos rins).

QUANDO É ACONSELHÁVEL PROCURAR UM MÉDICO POR HPB?

Um homem deve procurar atendimento médico caso algum dos sintomas supracitados o incomode. Além disso, ele deve procurar o médico imediatamente caso ele apresente hematúria (sangue na urina), dor ou queimação ao urinar ou caso não consiga urinar.

QUAIS SÃO OS TRATAMENTOS PARA HPB?

Vigilância Ativa: Essa opção é recomendada para pacientes que apresentam sintomas leves, ou para os que apresentam sintomas moderados a graves, mas que não se sentem incomodados. Pacientes com repercussão renal, retenção urinária (incapacidade de urinar), infecções urinárias frequentes e incontinência urinária não são bons candidatos para esse tratamento.
Na conduta expectante o paciente é acompanhado pelo seu urologista sem, contudo, receber nenhuma forma ativa de tratamento. Alguns sintomas podem ser controlados pela mudança dos remédios que o paciente toma ou de sua dieta. Os pacientes serão examinados anualmente e os achados desses testes serão usados para determinar se tratamentos adicionais serão necessários para controlar a HPB do paciente.

O risco da vigilância ativa é que os sintomas do paciente podem não ser controlados quando o tratamento ativo for iniciado.
Medicamentos

Alfa-bloqueadores: Essas drogas, originalmente usadas para o tratamento da hipertensão arterial sistêmica, funcionam pelo relaxamento da musculatura involuntária da próstata e da bexiga para melhorar o fluxo de urina e reduzir a obstrução ao esvaziamento vesical. Apesar dos alfa bloqueadores poderem reduzir os sintomas da HPB, eles geralmente não reduzem o tamanho da próstata. Eles são utilizados por via oral, uma ou duas vezes ao dia e seus efeitos são notados em pouco tempo. Os alfa-bloqueadores comumente prescritos no Brasil incluem Doxazosina e Tansulosina.

Essas duas drogas possuem eficácia e efeitos colaterais semelhantes. Os efeitos colaterais incluem cefaleia, tonteira, fadiga e disfunção ejaculatória. Esses remédios são indicados para pacientes com HPB moderada a grave.

Pacientes que serão submetidos à correção cirúrgica de catarata podem ser orientados a suspender a medicação até após a cirurgia.

Inibidores da 5-alfa-redutase: A finasterida e a dutasterida são medicações orais indicadas para o tratamento da HPB. Em alguns pacientes essas drogas podem aliviar os sintomas da HPB, aumentar o fluxo urinário e também reduzir o volume prostático, apesar de terem que ser usadas indefinidamente para prevenção dos sintomas. Estudos sugerem que essas medicações podem ser mais eficazes em homens com próstatas relativamente grandes. Essas drogas reduzem o risco de complicações da HPB como retenção urinária aguda (a incapacidade súbita de urinar) e a necessidade de cirurgia. Os efeitos colaterais são relacionados à função sexual e incluem: disfunção erétil, redução da libido e redução do volume de sêmen liberado pela ejaculação.
A finasterida não deve ser utilizada em homens que não têm aumento prostático. A finasterida apresenta mais efeitos adversos no começo do tratamento. Entretanto, com o passar do tempo os efeitos colaterais se igualam.

Tratamento combinado: O uso tanto de alfa-bloqueadores quanto de inibidores da 5-alfa-redutase é superior ao tratamento com apenas uma droga em homens com próstatas maiores. A combinação previne a progressão da doença e alivia os sintomas. Esse benefício pode estar, contudo, relacionado com efeitos colaterais mais frequentes (efeitos colaterais das duas medicações).

Anticolinérgicos: Outro tratamento apropriado e eficaz na abordagem dos sintomas relacionados à HPB.

Tratamentos complementares e alternativos: Os fitoterápicos são remédios populares, apesar de atualmente não haver qualquer suplemento dietético ou tratamento alternativo que seja recomendado para o tratamento da HPB. Além disso, a qualidade e grau de pureza desses suplementos não sofre fiscalização rigorosa, o que gera ainda mais dúvida em relação ao valor e segurança desses produtos.

O saw palmetto, um dos suplementos dietéticos mais populares, não demonstrou benefício quando comparado ao placebo (pílulas sem o composto ativo, utilizadas para descartar o efeito psicológico) no tratamento do HPB/LUTS.

TRATAMENTOS CIRÚRGICOS

Desde o advento do tratamento da HPB com alfa-bloqueadores e inibidores da 5-alfa-redutase, a necessidade de intervenção cirúrgica imediata na obstrução prostática sintomática foi substancialmente reduzida. Entretanto, os alfa-bloqueadores não impedem o crescimento prostático e mesmo as drogas que inibem o crescimento prostático como a finasterida e a dutasterida frequentemente não conseguem evitar a recorrência dos sintomas ou mesmo a retenção urinária aguda. No passado esses pacientes certamente teriam sido submetidos a tratamentos invasivos mais precocemente. Em resumo, ainda não se sabe se o tratamento medicamentoso consegue realmente evitar que seja necessário operar o paciente ou se ele apenas retarda o tratamento cirúrgico.

Há muitas técnicas cirúrgicas para tratar a HPB. A cirurgia é o método mais invasivo e é geralmente reservada para os pacientes com LUTS moderado a grave, ou complicações (retenção urinária, infecções recorrentes). Tipicamente se tenta tratar o paciente com medicamentos antes de se indicar o tratamento cirúrgico.

As técnicas cirúrgicas mais comuns são:

– Ressecção transuretral da próstata (RTUp): Tem resultados excelentes e é o padrão ouro. A principal indicação são as próstatas com peso até 80 gramas.

– Prostatectomia aberta: Essa cirurgia envolve a remoção da porção interna da glândula prostática através de uma incisão na porção inferior do abdome. É indicada em homens com próstatas muito grandes. Os riscos principais desse procedimento são o sangramento em potencial, necessidade de transfusão sanguínea e hospitalização prolongada. Os resultados são muito bons com essa abordagem.

PERGUNTAS FREQUENTES:

A HPB é uma doença rara?
Não, na verdade é uma entidade muito comum. Ela afeta cerca de 50% dos homens na faixa etária de 51-60 anos e até 90% dos homens com mais de 80 anos.

A HPB aumenta o risco de câncer de próstata?
Não, a HPB não é câncer e não causa o câncer, apesar de as duas doenças poderem coexistir. Como geralmente não há sintomas nos estágios iniciais do câncer, recomenda-se realizar exame físico e exame de PSA anuais para eliminar o diagnóstico de câncer.
Há riscos em não tratar a HPB?
Na maioria dos homens a HPB é uma doença progressiva. Ela pode levar a lesão vesical (na bexiga), infecção, sangramento na urina e até lesão renal. Desta forma é importante que homens com essa doença sejam acompanhados por um urologista.
Quais são as melhores drogas?
Até hoje não há dados suficientes que possam prever quem vai ter boa resposta ao tratamento medicamentoso ou qual droga será melhor para um determinado paciente. Há muitas drogas disponíveis e, em alguns homens uma combinação de drogas pode ser a melhor opção.
Como posso saber se o tratamento medicamentoso é o melhor para mim?
Se você for diagnosticado com HPB, você deve discutir todas as opções terapêuticas com seu urologista. Juntos vocês podem decidir se o tratamento com remédios, cirurgia ou vigilância ativa é o melhor para você.
Quando se indica o tratamento cirúrgico para HPB?
Quando o tratamento medicamentoso falha, a cirurgia é necessária para remover o tecido prostático obstrutivo. A cirurgia é quase sempre recomendada para homens que não conseguem urinar, têm lesão renal, infecções urinárias frequentes, hemorragias significativas ou cálculos na bexiga.

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