Infecções do Trato Urinário

As infecções do trato urinário (ITUs) são responsáveis por mais de sete milhões de consultas médicas por ano e cerca de 5% de todos os atendimentos em serviços de medicina generalista (pronto-socorro e saúde da família, por exemplo). Aproximadamente 40% das mulheres e 12% dos homens vão apresentar ao menos uma infecção urinária sintomática em suas vidas.

O trato urinário produz e armazena urina, um dos dejetos do metabolismo do corpo humano. A urina é produzida nos rins e é transportada pelos ureteres até a bexiga. A bexiga armazena a urina, que se esvazia durante a micção (o ato de urinar) pela uretra, um ducto que conecta a bexiga à pele. A uretra se abre na ponta do pênis nos homens e numa área acima da vagina nas mulheres.

Os rins são órgãos do tamanho de punhos localizados no dorso que funcionam como um sistema de filtração para filtrar dejetos líquidos do sangue e removê-los do corpo sob a forma de urina. Os rins ajustam os níveis sanguíneos de várias substâncias (sódio, potássio, cálcio, fósforo, entre outros) e controlam a acidez do sangue. Certos hormônios também são produzidos nos rins. Esses hormônios ajudam na regulação da pressão sanguínea, estimulam a produção de glóbulos vermelhos e a calcificação dos ossos, o que os torna mais resistentes. Os ureteres são dois ductos musculares que transportam a urina até a bexiga.

A urina em condições normais é estéril e não contém micróbios. Todavia os micróbios podem deslocar-se pela uretra e atingir a bexiga. Uma infecção da bexiga se denomina cistite e uma infecção do rim se denomina pielonefrite. As infecções renais são muito menos comuns, apesar de geralmente serem mais graves, que as infecções da bexiga.

As infecções urinárias baixas (cistites), geralmente causam ardência ao urinar, micção freqüente e sangramento na urina.
As infecções urinárias altas (pielonefrites) causam dor nas costas e febre. Essas infecções precisam ser tratadas de imediato, pois uma infecção renal pode se disseminar rapidamente pela corrente sanguínea levando a uma infecção generalizada (sepse) muitas vezes grave.

Muitas bactérias colonizam (habitam) o reto e também a pele. Essas bactérias podem invadir a uretra e deslocar-se até a bexiga. Algumas vezes elas podem atingir os rins. Mas independentemente de onde elas se instalem, a presença de bactérias no trato urinário pode causar problemas.

Da mesma forma que algumas pessoas tendem a contrair gripe, alguns pacientes têm maior tendência a adquirir infecções urinárias. Mulheres após a menopausa apresentam alterações no revestimento vaginal e perdem os efeitos protetores do estrogênio que reduzem a probabilidade de infecção urinária. Mulheres após a menopausa com infecções urinárias podem se beneficiar de reposição hormonal. Algumas mulheres têm predisposição genética à infecção urinária e seus tratos urinários permitem que haja aderência bacteriana com facilidade. O ato sexual também aumenta a frequência de infecções urinárias.
Mulheres que usam diafragma também têm risco aumentado quando comparadas às mulheres que utilizam outras formas de contracepção. O uso de preservativos com espermicida também leva ao risco aumentado de ITUs. As mulheres apresentam risco maior de adquirir infecções urinárias por apresentarem a uretra mais curta que a uretra masculina e, dessa forma, as bactérias percorrem um trajeto menor até atingirem a bexiga.

Você apresenta maior probabilidade de apresentar uma ITU se o seu trato urinário apresentar alguma anormalidade ou se você foi submetido a algum procedimento invasivo recentemente (por exemplo, um cateterismo vesical ou uma cistoscopia). Se você não consegue urinar normalmente devido a algum tipo de obstrução, você também apresenta risco aumentado de infecção urinária.

Doenças como diabetes também resultam e risco aumentado de ITUs devido à redução da função imune e, consequentemente, uma menor habilidade de combater as infecções.

As anormalidades anatômicas no trato urinário também podem resultar em infecções urinárias. Essas anormalidades geralmente são diagnosticadas em crianças, mas também podem ser diagnosticadas em adultos. Pode haver anormalidades estruturais, como divertículos da bexiga que acumulam urina e bactérias, ou mesmo obstruções, que impedem o esvaziamento completo da bexiga.

DIAGNÓSTICO:

O diagnóstico das ITU´s pode ser feito pela história do paciente e exame físico. É importante a realização de exames de urina para auxiliar o diagnóstico e orientar o tratamento (EAS e Urocultura).
Se apesar do tratamento os sintomas persistam, podem ser necessários outros exames, como uma tomografia ou uma ultrassonografia, para avaliar o trato urinário.

TRATAMENTO:

Uma ITU simples pode ser tratada com antibióticos por via oral durante poucos dias. Um tratamento de três dias é suficiente para tratar a maioria das ITUs não complicadas. Algumas infecções, contudo, necessitam de tratamento por algumas semanas. Dependendo do antibiótico, é necessário tomar uma dose única diária, ou até 4 doses por dia. Apenas algumas doses do antibiótico já podem aliviar completamente os sintomas, mas ainda será necessário completar o tratamento. O tratamento incompleto frequentemente resulta no retorno da infecção. Além disso, é necessário beber líquidos em grande quantidade.
Se a ITU for complicada, então o tempo de tratamento com antibiótico será mais prolongado, muitas vezes sendo iniciado por via venosa no hospital. Após um curto período de antibióticos venosos, será necessário um tratamento com antibióticos por via oral (pela boca) que pode levar algumas semanas. As infecções renais geralmente são tratadas como ITUs complicadas.

PREVENÇÃO:

Há alguns passos simples que as mulheres podem seguir para evitar as ITUs. Após a menopausa ocorre uma perda da secreção normal de estrogênio e ocorrem mudanças no revestimento vaginal. A reposição de estrogênio pode ser uma solução nesses casos. Converse com seu médico, pois alguns pacientes não podem fazer uso de reposição hormonal.
A micção (o ato de urinar) após o ato sexual também pode reduzir o risco de infecção, pois ela pode eliminar as bactérias que foram introduzidas na bexiga e na uretra. Consequentemente, é aconselhável hidratar-se bastante antes e após as relações, para que seja possível urinar abundantemente. Às vezes pode-se usar uma dose de antibióticos após a relação sexual, com intuito de prevenir as ITU.

Certos métodos contraceptivos como espermicidas e diafragmas aumentam o risco de ITUs. Também é aconselhável beber bastante liquido e manter-se bem hidratado.

Evite produtos potencialmente irritantes, como desodorantes, óleos e talcos nas partes íntimas. Também evite fazer uso de duchas vaginais (introduzir água e/ou antissépticos como sabonetes na vagina), pois elas eliminam a flora bacteriana vaginal normal, favorecendo a instalação de bactérias nocivas.

Evite calças muito apertadas. Use roupas íntimas de algodão e evite as de tecidos sintéticos. Troque-as pelo menos uma vez ao dia. Lave as roupas íntimas com sabão neutro. Dê preferência aos absorventes externos. Alguns médicos acham que os absorventes internos (tampões) favorecem as infecções urinárias. Independentemente do absorvente que você utilize, troque-o após urinar.

É muito importante não prender a urina, urinando tão logo haja desejo. Além disso, não se deve fazer força, contraindo o abdome, quando se urina, o que geralmente é feito com o intuito de esvaziar a bexiga mais rapidamente.
Após urinar ou evacuar, você deve se limpar de frente para trás, para prevenir o transporte de bactérias do ânus para a vagina ou uretra.

Se você apresenta infecções recorrentes, (três ou mais por ano), então você deve procurar um especialista (como um urologista, por exemplo) para realizar exames mais específicos, como uma urinocultura ou um exame de imagem. Você pode necessitar de doses baixas de antibióticos por períodos prolongados ou, ainda, de usar antibióticos após as relações sexuais. Há outras opções menos eficientes, porém com menos efeitos colaterais, como vacinas e suco ou pó de cranberry.

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